Eu vi
Um baile sagrado,
No templo da Mata
Tinha tambores, mar,
kalimbas, pau de chuva,
gaivotas e flautas,
Em plena harmonia,
ora Frenética, ora suave...
Roupas, medos e opressão...
Caíam no chão.
Com guirlandas de flores,
Mulheres, com seus
corpos nus, se moviam
Se apoiavam, e
sustentavam...
Um espetáculo tão
lindo...
Céu, corpos e terra,
em plena vibração,
Eram coxas, barrigas,
lua, olhos, águias, narizes,
cabelos, flores, ânus,
pedras, costas, sol,
braços, estrelas, seios, árvores, e púbis,
Não cesurados, nem se
escondendo...
Apenas sendo o que
são...
Bocas em movimento
intenso,
Frutos doces e bebidas, em meio a palavras de alegria,
encantamento
Empoderamento e
devoção...
Compartilhadas com
euforia e mansidão,
Entre Abraços,
beijos, danças e canção...
Ouvidos atentos,
Sussurros, vento,
risos e cantoria...
Cheiros suaves, que
brumejavam pelo espaço...
Formas, contornos,
sombras e luz
Tudo ressoava...
Eram uma unidade,
No centro um fogo
queimava,
No chão pés descalços
ganhavam raízes.
Mãos no tempo se
agitavam em
suaves e sincrônicos
movimentos.
Corações em oração,
Mente alinhada,
Alma em gratidão,
Mulheres conscientes,
entregues
A vivencia...
Sem pudores,
melindres ou carências
Apenas potência,
Entre elas, os quatro
elementos, Expressão do belo,
Acolhimento sincero,
Natureza em ação...
Celebrando o prazer
em unicamente de ser,
E ali pude ver...
A mãe terra cheia de
orgulho da sua criação.